Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.
Romanos 15:4
"Se
ao menos eu pudesse me sentir salvo", me disse um oficial, quando disse a
ele que o Senhor Jesus tinha feito o suficiente para salvar sua alma.
"Mas",
disse eu, "você não precisa se sentir salvo; apenas creia. Sua salvação não
depende de seus sentimentos. Eu acreditei em Cristo por cerca de duas semanas
antes de saber que eu estava salvo. Eu poderia ter sabido disto antes, mas eu
estava esperando para me sentir salvo."
"Então,
enfim, eu disse: 'Bem, se eu não me sentir salvo até que eu me encontre no Céu,
ainda assim descansarei apenas na Palavra de Deus'. Deus disse em Sua Palavra:
'Aquele que crê no Filho tem a vida eterna' (João 3:36) Eu sei que eu creio em
Cristo. E então o pensamento invadiu minha mente: 'Você sente que tem a vida
eterna?' Eu não podia dizer que sentia. 'Então você não pode ter esse
sentimento', foi o meu próximo pensamento."
--
Deus Diz --
"Então
me lembrei, que Deus diz: 'Aquele que crê no Filho tem a vida eterna'. Eu sabia
que eu realmente acreditava em Cristo, e portanto que eu tinha a vida eterna,
sentindo isto ou não. Deus disse que eu tenho, e devo acreditar nEle e não em
meus sentimentos. Acho que então aquele tormento me deixou, porque soube que
estava seguro por causa da Palavra de Deus que nunca muda. Eu não pude sentir
alegria e paz até muito tempo depois."
"Creio
que você esteja certo", disse o jovem que estava escutando atentamente.
"Sempre pensei que eu não fosse salvo ao menos que tivesse um bom
sentimento acerca disto."
Por
favor, assegure-se de que você não esteja sendo enganado, sendo tentado a
confiar em sentimentos em vez de Cristo, ou esperando sentir, quando você
deveria crer e ser salvo. "Sentimentos" são coisas mutáveis assim
como o mercúrio dentro do termômetro - às vezes está alto, e às vezes está
baixo.
O
oficial foi mantido longe da salvação porque esperava por
"sentimentos" em vez de simplesmente confiar no sangue de Jesus.
"O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado."
(1 João 1:7).
--
Perfeita Paz de Espírito --
Você
crê em Jesus, mesmo não se sentindo salvo? Se você está realmente confiando em
Jesus, você pode gozar de perfeita paz de espírito, uma vez que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, "para que a vossa fé e esperança estivessem
em Deus" (e não em seus sentimentos) e que, "tendo sido, pois,
justificados pela fé" (e não por sentimentos), você "tenha paz com
Deus" (1 Pedro 1:21; Romanos 5:1).
Uma
vez que Jesus Cristo ofereceu-se a Si mesmo e foi aceito por Deus como um todo
suficiente sacrifício pelos pecados, não seria justo da parte dEle justificar a
você, um crente em Jesus? Ao ser justificado, você é considerado justo aos
olhos dEle. E ele se alegra em fazer dessa maneira!
Satanás
sugere que se você não se sente justificado quando crê, você não está. Mas Deus
diz, "Por Ele é justificado todo aquele que crê." (Atos 13:39). Você
é justificado, mesmo que não sinta isto, mas apenas porque Deus disse que você
é. Ouça Sua voz, e tenha paz com Deus.
Na
tentativa de justificar a igreja como uma instituição, ou as denominações como
instituições, alguns acabam tecendo um raciocínio ímpar, afirmando que o
cristão seria individualmente igreja e a igreja seria coletivamente um
"pregador".
Mas a
igreja é o corpo de Cristo e o cristão, individualmente, é apenas um membro
desse corpo, e o papel da igreja não é evangelizar, mas dedicar-se à comunhão
dos santos, à doutrina dos apóstolos, ao partir do pão e às orações (Atos
2:42), ficando a evangelização como responsabilidade individual do cristão.
Não,
igreja não é "todo o cristão que crê" porque igreja não é algo
pessoal e individual. Um cristão não é igreja, a menos que você quisesse dizer
que "igreja é formada por todos os cristãos que creem", o que então
estaria correto. O cristão individualmente é membro do corpo de Cristo. A
igreja é um corpo coletivo formado por muitos membros. O cristão
individualmente é apenas membro do corpo, ele não é o conjunto. A igreja (o
conjunto) não prega o evangelho e nem ensina. Os membros desse corpo, cada
cristão individualmente, pregam e ensinam. Cristo deu dons (indivíduos) à
igreja para a edificação do corpo de Cristo. Ele não deu o corpo de Cristo, a
igreja, para edificação de si mesma.
Ef
4:11-12 "E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo".
A igreja
nunca é uma pessoa, mas o corpo de Cristo representado por dois ou três (não um
apenas) congregados ao seu nome e reconhecendo sua autoridade em seu meio.
Repare que não são dois ou três que se reúnem, mas que são reunidos ou
congregados, o que se deduz que exista um elemento reunidor, no caso o Espírito
Santo. Dois ou três que se reúnem formam aqueles que acompanham o ofendido na
tentativa da reconciliação do versículo abaixo, mas eles ainda assim não são
igreja.
Mt
18:15-20 "Ora, se teu irmão pecar
contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu
irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca
de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as
escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como
um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra
[como igreja, e não individualmente ou em conjunto com outros indivíduos] será
ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu...
Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles."
Tudo é
muito claro na palavra de Deus, e em um outro versículo Paulo explica o lugar
de cada um, mostrando o que é igreja e o que é membro do corpo. Em 1 Coríntios
12:27 ele diz: "Ora, vós [plural]
sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular." Percebe a
distinção que o apóstolo faz? O conjunto é igreja, o particular é membro. Se
você achar que o crente é individualmente "igreja", então ele será
também individualmente a noiva de Cristo, o que irá gerar uma confusão ainda
maior. Aí as bodas seriam com cada cristão individualmente, mas o que vemos em
Apocalipse é que a igreja (o corpo formado por todos os salvos) que desce
ataviada para o noivo.
Já vi
muitos cristãos fazerem afirmações do tipo "eu sou igreja",
"você é igreja", mas isso biblicamente não é correto e conduz também
a outros erros. Se cada cristão individualmente fosse a igreja, então poderia
ser dito que a igreja não só prega o evangelho como também ensina doutrina. Mas
então teríamos uma contradição, pois a igreja é mulher (Noiva) e a mulher é
proibida de ensinar em 1 Timóteo 2:12. O catolicismo romano é que acredita que
"a igreja ensina", mas o Senhor condena de forma veemente isto em
Apocalipse 2:20: "Tenho contra ti
que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus
servos".
Apresentamos aqui algo acerca dos mais maravilhosos e proveitosos
princípios que nos levam a um correto entendimento espiritual da posição e da
condição do crente diante de Deus. A ignorância que existe acerca destes pontos
é algo que entristece, já que a má compreensão da posição e condição do cristão
diante Deus pode resultar em confusão e falsas doutrinas.
Certa vez perguntaram a um pregador se determinada forma de agir de um
crente alteraria seu estado diante de Deus. - Sim - respondeu ele - afetará a sua
condição, mas não a sua posição perante Deus. O que quer dizer isto?
Conduziremos o leitor às passagens da Palavra de Deus que tratam deste assunto
tão importante. Primeiramente citaremos três passagens que falam da nossa POSIÇÃO
diante de Deus:
"Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho
anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis."
(1 Co 15.1.)
"Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso
Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na
qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus."
(Rm 5.1,2.)
"Por Silvano, vosso fiel irmão, como cuido, escrevi abreviadamente,
exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual
estais firmes." (1 Pd 5.12).
A posição do convertido é tal como Deus o vê em Cristo Jesus. Por
conseguinte, o crente se encontra, diante de Deus, em toda a perfeição de
Cristo Jesus. E como Deus vê a Seu Filho amado? Sem defeito, sem mancha, sempre
perfeito. Como Deus nos vê? Em Cristo Jesus nos vê salvos, lavados com o Seu
sangue e também sem defeitos, sem manchas e para sempre perfeitos.
Já que nossa "vida está escondida com Cristo em Deus" (Cl
3.3), temos muitas prerrogativas tais como a de não sermos chamados a juízo
por nossos pecados e a certeza assegurada de que o Senhor nos guardará para o
bendito dia da Sua vinda e ressurreição dos que são Seus. Esta confiança está
clara nas palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: "porque eu sei em
quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito
até àquele dia" (2 Tm 1.12).
Vejamos, pois, qual é a condição do crente. Citaremos primeiro cinco passagens
que se referem à nossa CONDIÇÃO espiritual:
"E espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo, para
que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios. Porque a
ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado.
Porque todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus."
(Fl 2.19-21.)
"Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a
contentar-me com o que tenho." (Fp 4.11).
"Tíquico, irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor, vos
fará saber o meu estado." (Cl 4.7).
"Assim o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins.
Assim me embruteci, e nada sabia; era como animal perante Ti. Todavia
estou de contínuo contigo; tu me seguraste pela minha mão direita." (Sl
73.21-23)
"Porque receio que, quando chegar, vos ache como eu não quereria,
e eu seja achado de vós como não quereríeis: que de alguma maneira haja pendências,
invejas, iras, porfias, detrações, mexericos, orgulhos, tumultos; que,
quando for outra vez, o meu Deus me humilhe para convosco, e chore por muitos
daqueles que dantes pecaram, e não se arrependeram da imundícia, e
prostituição, e desonestidade que cometeram." (2 Co 12.20,21.)
Qual é a condição do crente perante Deus? É tal como Ele nos vê em nossa
vida diária. Como andamos? Falhamos a cada passo e sempre temos que ser
disciplinados e corrigidos. Pecamos em palavras, em atos e em pensamentos,
sendo tentados, atraídos e alimentados por nossa própria concupiscência (Tg
1.12-16). Além disso pecamos muitas vezes por não fazer o que devíamos, ou seja,
por negligência (Tg 4.17).
A Palavra de Deus não estaria completa se nos ensinasse tão somente como
ser salvos, sem nos mostrar também como deveríamos andar depois de convertidos
a Cristo. Recomendamos, pois, ao crente que tiver dificuldade em compreender
isto, que faça a si mesmo esta pergunta quando ler algo em sua Bíblia:
"Este versículo fala de minha posição ou de minha condição perante
Deus?".
Como existe uma grande diferença entre ambos os gêneros, convém
esquadrinhar mais as Escrituras para chegar a melhores conclusões. Tomemos como
exemplo 1 Coríntios 1.2, onde o apóstolo se dirigiu aos crentes chamando-os de "santificados
em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o
Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso" enquanto no
capítulo 3.3, os qualificou de "carnais", pois, "havendo
entre vós inveja, contendas e dissensões". Na primeira parte, ao
chamá-los"santificados" (separados) por Ele e para Sua glória,
se está considerando a posição perante Deus. Mas o seu modo de andar, ou seja a
sua condição estava sujeita à crítica construtiva do apóstolo Paulo, pois os
encontrou completamente"carnais" e andando "segundo os
homens", pelo que necessitavam ser corrigidos e exortados.
Também em Colossenses 2.10 lemos: "E estais perfeitos nEle".
Isto se refere à posição perfeita que cada crente tem em Cristo. Jamais
poderíamos "melhorar" uma posição tão privilegiada pois o crente já é
completo nEle. Mas, lamentavelmente o nosso modo de andar, ou condição, não
está no mesmo nível de nossa posição, pois jamais poderemos dizer que estamos
sem pecado (1 Jo 1.10).
No que se refere à posição atual dos crentes perante Deus, Ele sempre os
contempla como se já estivessem na glória. Em Efésios 2.6 esta verdade tão
preciosa nos é confirmada: "e nos ressuscitou juntamente com Ele e nos fez
assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus". Sublime benção! Mas
Colossenses 3:5 nos exorta, quanto a nossa condição terrenal, admoestando-nos a
mortificar os "nossos membros que estão sobre a terra". Assim vemos
que os crentes ao mesmo tempo se situam no Céu (sua posição) e na terra (sua
condição).
A epístola de Paulo aos Efésios é a porção mais extraordinária de toda a
Bíblia naquilo que se refere à posição e condição do crente. A epístola se
divide em seis capítulos. Os três primeiros tratam da nossa posição nos lugares
celestiais em Cristo, e terminam com a palavras "Amém", ao final do
capítulo 3. "Amém" significa "Assim seja". A segunda parte
da epístola, começa com a palavra "andar": "Rogo-vos, pois,
eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação a que fostes
chamados". (Ef 4.1.) E é a nossa condição que é tratada nos três
capítulos finais da epístola.
É óbvio que existe na Palavra de Deus muito mais instruções referentes à
condição do crente perante Deus do que à sua posição perante Ele. Assim deve
ser, pois sua condição é terrenal e temporária enquanto que a sua posição
é celestial, eterna e perfeita. Cristo, em Sua morte na cruz do Calvário, a fez
assim. É o dom gratuito de nosso Deus para pobres pecadores como nós. Devemos
ser "um povo zeloso de boas obras" (Tt 2:14), não para que
sejamos salvos, mas porque já somos salvos.
É o desejo constante do Pai (o Espírito Santo atua também continuamente
com igual propósito), que nossa condição esteja sempre em conformidade com
nossa posição gloriosa e celestial. (Rm 6.12-14 e 2 Tm 2.21,22)
A
Bíblia, especialmente o Novo Testamento, é o guia que ensina hoje como os
crentes devem se reunir (Doutrina Apostólica).
O
grande projeto de Deus é exaltar o Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, a Quem "deu
um nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho dos que estão no céu, na terra, e debaixo da terra" (Fp 2:
9-10; Ef 1:20).
O
Senhor Jesus disse aos discípulos que quando a igreja se formasse (em Pentecostes),
após a Sua morte, Seu nome seria o ponto de reunião deles. Ele disse: "Porque,
onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles" (Mateus 18:20).
A
igreja primitiva agiu desta forma, eles se reuniam ao nome glorioso do Senhor
Jesus quando se congregavam para a adoração, ministério e outras funções da
assembleia (1 Coríntios 5:4). Eles não reconheciam outro nome além do nome de Jesus Cristo e isso ainda é o modelo de Deus para a igreja hoje!
Claro,
o Senhor Jesus é digno que não aceitemos qualquer outro nome além do Seu.
Não
é bíblico que o povo redimido de Deus leve todo o tipo de nomes denominacionais e
não denominacionais.
Os
cristãos na Terra seguem querendo congregar-se sob todo o tipo de nomes sectários,
apesar de admitirem que no céu não haverá tal coisa.
O
Apóstolo Paulo repreende a exaltação de outro nome, mesmo que fosse o dele próprio. (1 Co 1:12; 3:3-5).
Os
cristãos devem se reunir de uma forma simples (Hb. 13:13), assim terão a feliz confiança de que estarão congregados da maneira como as Escrituras estabelecem. Há uma alegria
em se fazer a vontade de Deus que é conhecida apenas por aqueles que a fazem.
É esta a maneira que Deus quer que o Seu povo seja estabelecido na verdade. "E
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32); "Porque
isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os
homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” (1 Timóteo
2:3,4).
B.
Anstey Recomendo fortemente a leitura dos seguintes livros para quem deseja reunir-se apenas ao Nome do Senhor Jesus Cristo sem intermediários humanos, como somos exortados e ensinados pelos apóstolos. Veja 1 Coríntios 3.
Tendo o propósito de ministrar paz e
conforto àqueles que, embora verdadeiramente convertidos, ainda não se
apossaram da plenitude de Cristo, e que, como consequência, não estão
desfrutando da liberdade do evangelho, consideramos de grande interesse e
importância escrever sobre o assunto da Santificação. Cremos que muitos,
daqueles cujo bem-estar espiritual desejamos promover, sofrem por terem uma ideia
errada acerca deste assunto. Na verdade, em alguns casos, a doutrina da
santificação é tão mal compreendida que chega a interferir com a fé na perfeita
justificação e aceitação do crente perante Deus.
Temos ouvido, com certa frequência,
pessoas se referirem à santificação como se fosse um trabalho progressivo, por
meio do qual nossa velha natureza seria gradativamente melhorada. Além disso,
afirmam que enquanto esse processo não atingir o seu clímax, ou seja, enquanto
a natureza humana, caída e arruinada, não for completamente santificada, não
estaremos preparados para o céu.
Tanto as Escrituras como a experiência
prática de todos os crentes são totalmente contrárias a tal pensamento. A
Palavra de Deus não nos ensina que o Espírito Santo tenha como objetivo o
aperfeiçoamento, mesmo que gradual ou de que forma for, de nossa velha natureza
-- aquela mesma natureza que herdamos, por nascimento natural, do caído Adão. O
apóstolo inspirado declara expressamente que "o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co. 2:14).
Esta passagem é clara e conclusiva quanto a este ponto. Se o "homem
natural" não pode "compreender", nem "entender",
"as coisas do Espírito de Deus", como poderia este mesmo "homem
natural" ser santificado pelo Espírito Santo? Não está evidente que falar
em santificação de nossa natureza está em oposição direta ao ensinamento de 1
Coríntios 2:14? Outras passagens poderiam ser acrescentadas para provar que o
desígnio das operações do Espírito não é o de aperfeiçoar ou santificar a
carne, porém não há necessidade de multiplicar as citações bíblicas. Algo que
está completamente arruinado não pode nunca ser santificado.
Não importa o que se faça com a velha
natureza ela continua arruinada, e, com toda a certeza, o Espírito Santo não
desceu para santificar a ruína, mas para conduzir o arruinado a Jesus. Ao invés
de encontrarmos qualquer tentativa de santificação da carne, lemos que "a
carne cobiça (ou milita) contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e
estes opõem-se um ao outro" (Gl. 5:17). Poderia o Espírito Santo ser
apresentado como efetuando um combate contra aquilo que Ele estaria
gradualmente aperfeiçoando ou santificando? Acaso não cessaria o conflito tão
logo o processo de aperfeiçoamento tivesse atingido o seu ponto máximo? No
entanto, será que o conflito do crente alguma vez cessa enquanto ele estiver no
corpo?
Isto nos leva à segunda objeção à
teoria errônea da santificação progressiva da nossa natureza, a saber, A
objeção criada pela sincera experiência prática de todos os crentes. Você, que
lê estas linhas, é um verdadeiro crente? Se for, acaso já notou algum
aperfeiçoamento em sua velha natureza? Há nela algum aspecto que seja melhor
agora do que quando começou em sua vida cristã? Talvez agora você possa, e é
certo que pela graça deverá poder subjugá-la com maior rigor, mas será que ela
melhora com isso? Se ela não for mortificada, estará sempre pronta para surgir
novamente e se mostrar com a mesma vileza de sempre. A carne em um crente não é
em nada melhor do que a carne em um incrédulo. E se o cristão não tiver firme
em sua mente que o EU deve ser julgado, ele logo irá aprender, por amarga
experiência, que sua velha natureza é tão má agora como sempre o foi; e
continuará assim até o fim.
É difícil conceber que alguém, que é
levado a esperar uma melhora gradativa de sua natureza, possa desfrutar de um
momento de paz, uma vez que tal pessoa não poderá deixar de ver, caso examine a
si mesma à luz da Palavra de Deus, que seu velho EU -- sua carne -- é o mesmo
de quando ele caminhava na escuridão moral de seu estado de inconverso. O seu
caráter e a sua condição estão, de fato, bastante mudados pela posse de uma
nova natureza, sim, de uma "natureza divina" (2 Pd. 1:4), e pela
incorporação do Espírito Santo para dar cumprimento à Sua vontade. Mas, no
momento em que é permitido que a velha natureza volte a agir, o crente a
encontrará, como sempre, em completa oposição a Deus.
Não temos qualquer dúvida de que, na
sua grande maioria, a melancolia e o abatimento de que muitos crentes se
queixam podem ser uma consequência da má compreensão deste importante assunto
que é a santificação. Muitos estão procurando o que nunca podem encontrar;
estão buscando a paz com base em uma natureza santificada ao invés de a
procurarem no sacrifício perfeito; buscam-na num contínuo trabalho de santidade
quando deveriam buscá-la numa completa obra de expiação. Tais pessoas
consideram uma presunção crer que seus pecados estão perdoados enquanto sua
natureza má não estiver completamente santificada e, ao perceberem que nunca
alcançam isto, acabam por não desfrutar de uma completa certeza de perdão,
vivendo, consequentemente, uma vida triste. Em poucas palavras, estão buscando
um fundamento totalmente diferente daquele que Jeová afirma haver colocado, e
vivem, por conseguinte, uma vida de incertezas. A única coisa que parece
dar-lhes uma centelha de conforto é algum esforço aparentemente bem-sucedido em
sua luta por santidade pessoal. Se tiverem um bom dia, se forem favorecidos com
um período de agradável comunhão, se puderem usufruir de um sentimento pacífico
e devoto, estarão prontos a proclamar: "Tu, Senhor, pelo Teu favor fizeste
forte a minha montanha" (Sl. 30:7).
Mas, oh! Quão deplorável é o fundamento
para a paz de espírito que tais coisas oferecem! Tais coisas não são Cristo, e
enquanto não estivermos cientes de que nossa posição diante de Deus é em
Cristo, a paz não poderá se estabelecer. A alma que verdadeiramente se apossou
de Cristo é deveras desejosa de santidade, porém está ciente do que Cristo é
para si. Tal pessoa encontrou seu tudo em Cristo, e o desejo supremo do seu
coração é crescer à Sua semelhança. Esta é a verdadeira santificação prática.
Frequentemente ocorre que pessoas, ao
falarem de santificação, tenham em mente a coisa certa, apesar de não
conseguirem se expressar de acordo com os ensinamentos das Sagradas Escrituras.
Há também muitos que veem apenas um lado da verdade acerca da santificação, sem
enxergarem o outro, e, embora possamos estar parecendo alguém que faz dos
outros transgressores da Palavra, é sempre mais desejável, ao falarmos de
qualquer assunto relativo à Palavra e ainda mais deste assunto de tanta
importância como é a santificação, que falemos de acordo com a divina
integridade da Palavra de Deus. Devemos, portanto, apresentar aos nossos
leitores algumas das principais passagens do Novo Testamento nas quais esta
doutrina é exposta. Estas passagens irão nos ensinar duas coisas: o que é
santificação e como é efetuada.
A primeira passagem à qual chamaremos a
atenção é 1 Coríntios 1:30: "Mas vós sois dEle, em Jesus Cristo, o qual
para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção". Aqui aprendemos que Cristo "foi feito" todas estas
coisas. Deus nos tem dado, em Cristo, um precioso porta-joias, e quando o
abrimos com a chave da fé, a primeira joia que resplandece aos nossos olhos, na
sabedoria de Deus, é: "justiça"; então, "santificação" e,
finalmente, "redenção". Temos isso tudo em Cristo. Quando recebemos
um, recebemos todos. E como recebemos um e todos? Pela fé. Então, por que o
apóstolo cita redenção por último? Porque ela se cumpre no livramento final do
crente de seu corpo, de sob o poder da mortalidade, quando a voz do arcanjo e a
trombeta de Deus deverá levantá-lo do túmulo, ou transformá-lo, "num abrir
e fechar de olhos". O corpo está agora numa condição e, "num
momento", estará em outra. No curto espaço de tempo expressado pelo rápido
movimento das pálpebras, o corpo passará da corrupção para a incorrupção; da
desonra para a glória; da fraqueza para o poder. Que mudança! Será imediata,
completa, eterna!
Mas o que devemos aprender do fato de a
"santificação" estar colocada naquele grupo juntamente com
"redenção"? Aprendemos que aquilo que a redenção será para o corpo, a
santificação é agora para a alma. Em poucas palavras, santificação, no sentido
em que é aqui usada, é imediata e completa -- um trabalho divino. No que diz
respeito à santificação e à redenção, uma não é mais progressiva do que a
outra. Uma é tão completa e independente do homem quanto a outra. Sem dúvida,
quando o corpo tiver passado pela gloriosa mudança, haverá picos de glória a
serem atingidos, profundezas de glória a serem penetradas e extensos campos de
glória a serem explorados. Todas estas coisas irão nos ocupar através da
eternidade. Mas, então, a obra para nos preparar para tais cenas será feito em
um momento. O mesmo sucede com relação à santificação: seus resultados práticos
estão constantemente se apresentando, mas ela, em si mesma, trata-se de algo
realizado em um só momento.
Que imenso alívio seria para milhares
de almas zelosas, ansiosas e batalhadoras, se compreendessem isto e tivessem
uma apropriada possessão de Cristo como santificação! Quantos estão se
empenhando em realizar uma santificação por si mesmos! Após muitos esforços
infrutíferos buscando conseguir justiça em si mesmos, foram a Cristo para
obtê-la; e, no entanto, não querem fazer o mesmo quando se trata de buscar por
santificação. Receberam "justiça sem obras" e esperam conseguir
santificação com obras. Receberam justiça pela fé, mas acham que a santificação
deve ser conseguida por esforço próprio. Não percebem que recebemos
santificação exatamente da mesma maneira que recebemos justiça, visto que
Cristo "para nós foi feito por Deus" tanto uma coisa como outra.
Recebemos a Cristo pelo esforço? Não, mas pela fé! Pois "aquele que não
pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como
justiça" (Rm. 4:5). Isto se aplica a tudo o que recebemos em Cristo. Nós
não estamos autorizados a separar de 1 Coríntios 1:30 o assunto da
santificação, colocando-o em um plano diferente das outras bênçãos que o
versículo engloba. Também não temos sabedoria, justiça, santificação e,
tampouco, redenção em nós mesmos; e nem podemos adquiri-las por algo que
possamos fazer; mas Deus fez com que Cristo fosse todas estas coisas em nós.
Nos dando Cristo, Ele nos deu tudo o que está em Cristo. A plenitude de Cristo
é nossa, e Cristo é a plenitude de Deus.
Em Atos 26:18, é falado, com respeito
aos gentios convertidos, como recebendo "a remissão dos pecados, e sorte
entre os santificados pela fé". Aqui a fé é o instrumento pelo qual nos é
dito para sermos santificados, pois nos liga com Cristo. No exato momento em
que o pecador crê no Senhor Jesus Cristo, é ligado a Ele. É feito UM com Ele,
completo nEle, aceito nEle. Isto é verdadeira santificação e justificação. Não
se trata de um processo. Não é um trabalho gradual. Não é progressiva. A
palavra está bem explícita. É dito: "...os santificados pela fé em
mim". Não diz "...os que deverão ser santificados", ou
"...os que estão sendo santificados". Se esta fosse a doutrina, assim
ela seria exposta.
Não há dúvida de que o crente cresce no
conhecimento de sua santificação, na consciência do poder e do valor que ela
tem, na sua influência e seus resultados práticos, e na experiência e gozo
dela. Tão logo a verdade derrame sua luz divina sobre a alma, o crente entra numa
compreensão mais profunda daquilo que envolve o fato de se estar separado para
Cristo, em meio a este mundo satânico. Isso tudo é abençoadamente verdadeiro,
mas quanto mais a verdade é visualizada, mais claramente iremos entender que
santificação não é meramente um trabalho progressivo operado em nós pelo
Espírito Santo, mas é o resultado de nossa ligação a Cristo pela fé, por meio
da qual nos tornamos participantes de tudo o que Ele é. Este é um trabalho
imediato, completo e eterno. "...tudo quanto Deus faz durará eternamente:
nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar." (Ec. 3:14). Se
Ele justifica ou santifica, "durará eternamente". O selo da
eternidade é fixado sobre todo o trabalho da mão de Deus; "nada se lhe
deve acrescentar" e, louvado seja o Seu nome, "nada se lhe deve
tirar".
Há passagens que apresentam o assunto
em outro aspecto, -- o resultado prático no crente de sua santificação em
Cristo, o que pode exigir uma consideração mais apurada daqui para frente. Em 1
Tessalonicenses 5:23, o apóstolo roga aos santos aos quais se dirige: "E o
mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e
corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo". A palavra santifique, aqui, está no sentido de se
distinguir determinadas classes de santificação. Os Tessalonicenses tiveram,
assim como todos os crentes, uma perfeita santificação em Cristo, porém, no que
se refere à apreciação e manifestação prática dessa santificação, isto foi apenas
consumado em parte, razão pela qual o apóstolo roga para que eles fossem
totalmente santificados.
É digno de nota que nesta passagem nada
é dito a respeito da carne. Nossa natureza caída e corrompida é sempre tratada
como algo irremediavelmente arruinado. Ela foi pesada na balança e achada em
falta. Foi medida por um padrão divino e se mostrou insuficiente. Foi conferida
por um fio de prumo divino e provou estar desaprumada. Deus a rejeitou. A velha
natureza encontrou o seu fim perante Deus e foi por Ele condenada e entregue à
morte (Rm. 8:3). Nosso velho homem está crucificado, morto e sepultado (Rm.
6:8). Estaremos nós, mesmo que por um momento, a imaginar que Deus -- o
Espírito Santo -- desceria dos céus com o propósito de desenterrar algo condenado,
crucificado e enterrado, a fim de podê-la santificar? Basta apenas que se
identifique o que implica tal ideia para que a mesma seja abandonada para
sempre por todo aquele que se sujeita à autoridade das Escrituras. Quanto mais
acuradamente estudarmos a Lei, os Profetas, os Salmos e todo o Novo Testamento,
iremos ver que a carne é totalmente irrecuperável. Ela não é boa para coisa
alguma e o Espírito não a santifica, pelo contrário, capacita o crente a
mortificá-la. Nos é dito que lancemos fora o velho homem. Tal preceito nunca
nos teria sido dado se o objetivo do Espírito Santo fosse a santificação
daquele velho homem.
Cremos que ninguém irá nos acusar de
estarmos alimentando o desejo de rebaixar o padrão de santidade pessoal, ou
enfraquecer sinceras aspirações de uma alma que tenha crescido naquela pureza
que todo verdadeiro cristão deve desejar ardentemente. Longe de nós tal
pensamento! Se existe algo que desejamos promover em nós mesmos e, acima de
tudo, nos outros, é uma completa pureza pessoal; uma santidade divinamente
prática; uma sincera separação para Deus, de todo o mal e em todas as formas e
maneiras. Por isto nós ambicionamos, por isto oramos e nisto desejamos crescer
diariamente.
Porém, estamos plenamente convencidos
de que um edifício de santidade verdadeira e prática nunca pode ser erigido
sobre um alicerce legalista, e, por conseguinte, chamamos a atenção dos
leitores para 1 Coríntios 1:30. É triste vermos que muitos daqueles que, de uma
forma ou de outra, deixaram qualquer base legalista no que se refere à justiça,
hesitem em fazer o mesmo para abraçar a santificação. Cremos ser este o engano
de milhares de pessoas, e estamos ansiosos em vê-lo corrigido. A passagem
citada poderia corrigir inteiramente este sério erro, se tão somente fosse recebida
no coração pela fé.
Todos os cristãos com algum
discernimento concordam quanto à verdade fundamental da justificação sem obras.
Todos admitem plenamente que não podemos, por nosso próprio esforço, produzir
uma auto-justificação diante de Deus. Mas será que não está igualmente claro
que a justificação e a santificação encontram-se exatamente sobre o mesmo plano
na Palavra de Deus? Não podemos produzir uma santificação do mesmo modo como
não podemos produzir uma justificação. Podemos tentar fazê-lo, mas cedo ou
tarde descobriremos que terá sido totalmente em vão. Podemos prometer e
decidir; podemos trabalhar e lutar; podemos nutrir a vã esperança de que amanhã
agiremos melhor do que hoje; mas no fim acabaremos constrangidos a reconhecer,
sentir e confessar que somos tão incapazes naquilo que se refere à santificação
como o somos no que diz respeito à justificação.
Ah! que doce alívio para o que sofre e
tem buscado por satisfação e descanso em sua própria santidade, quando
descobre, após anos de luta vã, que exatamente aquilo que ele tanto ambiciona
está entesourado para ele em Cristo! Ao descobrir isto, sua alma torna-se
serena em uma completa santificação a ser desfrutada pela fé! Ao viver
batalhando contra seus hábitos, suas concupiscências, seu mau gênio e suas
paixões, esse crente tem feito o mais penoso dos esforços para subjugar sua
carne e crescer em santidade interior, mas ai! ele tem falhado (compare com
Romanos 7). Ele descobre, para seu profundo desgosto, que ele não é santo, e lê
que "sem a qual (santificação) ninguém verá o Senhor" (Hb. 12:14).
Aqui não nos fala de um certo grau ou estágio de santificação, mas sem a coisa
em si, a qual todo cristão possui desde o momento em que crê, quer ele saiba
disto ou não. A perfeita santificação está tão incluída na palavra salvação
quanto a justificação ou a redenção. Não se recebe a Cristo por esforço, mas
pela fé, e quando se recebe a Cristo, recebe-se tudo o que está em Cristo.
Consequentemente, é permanecendo em Cristo que se encontra poder para subjugar
as concupiscências, paixões, mau gênio, maus hábitos, circunstâncias e
influências nocivas. O crente deve contar com Jesus em tudo.
Tudo isso é simples para a fé. O lugar
do crente é em Cristo, e se o crente está em Cristo para uma coisa, deve estar
em Cristo para todas as coisas. Não pode estar em Cristo para a justificação e
fora de Cristo para santificação. Se eu devo a Cristo a justificação, devo
igualmente a Ele a santificação.. Não devo ao legalismo nem uma coisa nem
outra. Recebo ambas pela graça, por meio da fé, e tudo em Cristo. Sim, TUDO em
Cristo. No momento em que o pecador vem a Cristo e crê nEle, é tirado
completamente do velho plano da natureza; ele perde sua velha situação legal e
tudo o que diz respeito à mesma, e é visto como estando em Cristo. Ele não está
mais na carne, mas no Espírito (Rm. 8:9). Deus o vê apenas em Cristo e em
conformidade com Cristo. Ele se torna um com Cristo para sempre. "Porque,
qual Ele é, somos nós também neste mundo" (1 Jo. 4:17). Tal é a posição
absoluta, a posição estabelecida e eterna do mais fraco bebê na família de
Deus. Não há mais do que uma posição para todo filho de Deus, todo membro de
Cristo. Seu conhecimento, experiência, poder, dom e inteligência, podem variar,
mas sua posição é uma só. Seja quanto à sua justificação ou santificação, o
crente possui tudo, e deve tudo, à sua permanência em Cristo. Se alguém não
obteve uma completa santificação, tampouco terá obtido uma completa
justificação. Mas 1 Coríntios 1:30 ensina claramente que Cristo "para nós
foi feito por Deus" tanto uma quanto a outra em todos os crentes. Não nos
é dito que tenhamos justificação e um pouco de santificação. Se não temos
autoridade para colocar a palavra um pouco antes de justificação, também não
temos autoridade para fazer isto com a santificação. O Espírito de Deus não
coloca a palavra um pouco antes de nenhuma delas. Ambas são perfeitas, e as
temos, ambas, em Cristo. Deus nunca faz algo pela metade. Não há algo como
meia-justificação. Tampouco há algo como meia-santificação. A ideia de que um
membro da família de Deus ou do corpo de Cristo seja totalmente justificado,
mas apenas meio santificado é, por princípio, contra as Escrituras, e
revoltante à toda a sensibilidade da natureza divina.
Não é improvável que muito da má
compreensão que prevalece, com respeito à santificação, seja devido ao costume
que se tem de confundir duas coisas que diferem muito na prática, a saber,
nossa posição e nossa condição. A posição do crente é perfeita, pois ela é um
dom de Deus em Cristo. Porém, a condição ou maneira de agir do crente, esta sim
pode ser bem imperfeita, oscilante e marcada por insegurança pessoal. Enquanto
sua posição é absoluta e inalterável, sua condição prática pode exibir muitas
imperfeições, uma vez que ele permanece no corpo e cercado por várias
influências hostis que dia a dia afetam a sua condição moral. Se, então, sua
posição for avaliada por sua maneira de agir, por sua situação ou condição; ou
o que ele é sob o ponto de vista de Deus for avaliado do ponto de vista dos
homens, então o resultado apresentado será falso. Se eu tentar chamar à razão
tudo aquilo que sou em mim mesmo, ao invés do que eu sou em Cristo, devo,
necessariamente, chegar à uma conclusão errada.
Nós devemos olhar para tudo isso com
muito cuidado. Estamos sempre muito dispostos a raciocinar de baixo para cima,
de nós para Deus, ao invés de o fazermos de cima para baixo, de Deus para nós.
Devemos ter em mente que:
Longe como as órbitas celestes que
brilham,
Além de onde as nódoas da terra
ascendem,
Além de meus pensamentos, além do chão
que meus pés trilham,
Vossos caminhos e pensamentos
transcendem.
Deus olha para Seu povo, e age para com
ele de acordo com sua posição em Cristo. Deus deu-lhes essa posição. É Ele Quem
faz com que sejam o que são; são o fruto do Seu trabalho. Portanto, tratá-los
como estando meio-justificados é uma desonra para Deus, tanto quanto
considerá-los como meio-santificados.
Esta linha de pensamento nos conduz a
outra forte prova tirada da autorizada e conclusiva página de inspiração
divina, a saber, 1 Coríntios 6:20. Nos versículos precedentes, o apóstolo pinta
um quadro horrível da natureza humana caída, e adverte sinceramente aos santos
de Corinto que eles haviam sido exatamente aquilo. "E é o que alguns têm
sido" (1 Co. 6:11). Esta é uma declaração cabal. Não há palavras
lisonjeiras; não há rodeios e nem se tenta esconder a verdade completa quanto à
ruína irreversível da natureza humana. "E é o que alguns têm sido, mas
haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados
em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus" (1 Co. 6:11).
Que flagrante contraste antes e depois
do "mas" dito pelo apóstolo. De um lado temos toda a degradação moral
da condição humana, e, do outro, encontramos a absoluta perfeição da posição do
crente diante de Deus. Isto é, verdadeiramente, um maravilhoso contraste, e
deve ser lembrado que a alma passa, em um instante, de um lado para o outro
deste "mas". "E é o que alguns têm sido, mas haveis sido
lavados..." (1 Co. 6:11), o que os torna bem diferentes. No momento em que
receberam o evangelho de Paulo, eles foram "lavados, santificados e
justificados". Ficaram prontos para o céu e, se assim não fosse, haveria
uma mancha na obra divina.
De toda mancha nos limpar,
Foi Teu desejo, Senhor;
Me atreveria a duvidar
Do alcance do Teu favor?
A Tua Palavra é fiel
Tua obra completa e cabal;
Estou seguro! Vou rumo ao céu!
Iria eu, duvidar, afinal?
Isso tudo é divinamente verdadeiro! O
mais inexperiente crente está limpo de toda mancha, não por mérito, mas como
consequência de estar em Cristo. Ele deverá, evidentemente, cultivar o
conhecimento e a experiência do que é realmente santificação. Ele irá, assim,
entrar no poder prático da santificação; no seu efeito moral sobre os seus
hábitos, pensamentos, sentimentos e afeições. Em suma, ele irá entender e
exibir a poderosa influência da santificação divina sobre o seu caráter e sua
conduta. Porém, quando assim for, ele estará tão santificado aos olhos de Deus,
quanto no momento em que foi unido a Cristo pela fé; sua santificação estará
tão completa quanto quando se encontrar exposto à luz da divina presença,
refletindo os raios de glória emanados do trono de Deus e do Cordeiro. Ele se
encontra em Cristo agora; ele se encontrará em Cristo então. Sua condição, ou
seja, as circunstâncias e a esfera em que se encontra, será diferente. Seus pés
estarão, então, sobre o piso de ouro do santuário nas alturas, ao invés de
estarem em contato com a árida superfície do deserto. Ele se encontrará em um
corpo de glória, ao invés de estar em um corpo de humilhação. Porém, no que diz
respeito à sua posição, sua aceitação, sua plenitude, sua justificação e sua
santificação, tudo já terá sido estabelecido no momento em que creu no
unigênito Filho de Deus -- tão estabelecido quanto sempre estará, pois foi tão
estabelecido quanto Deus é capaz de fazê-lo. Tudo isso parece fluir como a
conclusão necessária e inquestionável de 1 Coríntios 6:11.
É da maior importância compreender, com
clareza, a diferença entre uma verdade e sua aplicação prática ou o resultado
que essa verdade produz. Esta distinção é sempre mantida na Palavra de Deus.
Você já está santificado! Esta é a verdade absoluta, tanto no que diz respeito
ao crente, quanto no que é visualizada em Cristo. A aplicação prática disso, e
seus resultados no crente, poderemos encontrar em passagens como esta:
"Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a
santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra" (Ef. 5:25,26).
"E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo" (1 Ts. 5:23).
Mas como esta aplicação é feita e este
resultado alcançado? Pelo Espírito Santo, por meio da Palavra escrita. Por isso
lemos em João 17:17: "Santifica-os na verdade". E também, em 2
Tessalonicenses 2:13, "por vos ter Deus elegido desde o princípio para a
salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade", e 1 Pedro 1:2,
"eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do
Espírito".
O Espírito Santo efetua a santificação
prática do crente com base na obra completa de Cristo, e Sua maneira de agir é
pela aplicação, no coração e na consciência do crente, da verdade como ela é em
Jesus. O Espírito Santo apresenta a verdade acerca da nossa posição perfeita
perante Deus em Cristo, e, alimentando o novo homem em nós, nos capacita a
lançar fora tudo o que não está de acordo com aquela posição. Um homem que é
lavado, santificado e justificado, não estará satisfeito com qualquer atitude
de mau gênio, concupiscência ou paixão impura. Ele é separado para Deus e
deveria limpar-se de toda imundícia da carne e do espírito. É seu privilégio
sagrado e feliz aspirar pelas mais sublimes alturas da santidade pessoal, e seu
coração e seus hábitos devem ser dominados e estar sob o poder daquela grande
verdade de que ele está perfeitamente lavado, santificado e justificado.
Esta é a verdadeira santificação
prática; não se trata de uma tentativa de aperfeiçoar nossa velha natureza ou
de se empenhar inutilmente em tentar reconstruir uma ruína irrecuperável. Não;
trata-se simplesmente do Espírito Santo, pela poderosa aplicação da verdade,
capacitando o novo homem a viver, agir e existir naquela esfera à qual ele
agora pertence. Aí sim, sem sombra de dúvida, haverá verdadeiro progresso.
Haverá crescimento no poder moral desta preciosa verdade -- crescimento em
habilidade espiritual para subjugar a natureza e mantê-la sob todos aqueles
atributos -- um crescente poder de separação do mal ao nosso redor -- um
crescente desvendar do céu ao qual pertencemos e para o qual estamos caminhando
-- uma crescente capacidade para a apreciação de seus exercícios sagrados. Tudo
isso será por meio do gracioso ministério do Espírito Santo, que usa a Palavra
de Deus para desvendar às nossas almas a verdade sobre o caminhar que convém a
uma tal posição. Mas deve ficar bem claramente compreendido que a obra do
Espírito Santo na santificação prática, dia a dia, está fundamentada no fato de
que os crentes estão "santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo,
feita uma vez" (Hb. 10:10). O objetivo do Espírito Santo é nos indicar o
conhecimento, a experiência e a exibição prática daquilo que tornou-se
verdadeiramente nosso no momento em que cremos. Neste aspecto não existe
progresso pois nossa posição em Cristo é eternamente completa.
"Santifica-os na verdade: a tua
palavra é a verdade" (Jo. 17:17). E também, "O mesmo Deus de paz vos
santifique em tudo" (1 Ts. 5:23). Nestas passagens encontramos o
importante aspecto prático da questão. Aqui vemos a santificação apresentada,
não apenas como algo absoluta e eternamente verdadeiro para nós em Cristo, mas
também como algo que é trabalhado em nós, a cada dia e hora, pelo Espírito
Santo por meio da Palavra. Quando encarada deste ponto de vista, a santificação
é, evidentemente, algo progressivo. Eu deveria estar mais avançado em santidade
no próximo ano do que estive neste. E deveria, pela graça, estar avançando dia
a dia em santidade prática. Mas será que isto nada mais é do que a expressão
prática, na minha própria pessoa, daquilo que já era completamente meu em
Cristo, no exato momento em que cri? O fundamento sobre o qual o Espírito Santo
executa a obra subjetiva no crente, nada mais é do que a verdade objetiva de
sua eterna perfeição em Cristo.
Assim, "segui a paz com todos, e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb. 12:14). A
santificação é apresentada aqui como algo a ser seguido -- a ser alcançado por
uma busca zelosa -- algo que todo verdadeiro crente irá sempre cultivar.
Que o Senhor possa nos dirigir dentro
do poder dessas coisas. Que elas não venham habitar como dogmas ou doutrinas na
região de nosso intelecto, mas entrem e permaneçam no coração como realidades
sagradas e poderosamente influentes! Que possamos conhecer o poder santificador
da verdade (Jo. 17:17); o poder santificador da fé (At. 26:18); o poder
santificador do nome de Jesus (1 Co.1:30; 6:2); a santificação do Espírito
Santo (1 Pd. 1:2); a graça santificadora do Pai (Jd. 1).
Em sua última epístola o apóstolo Paulo aconselhou Timóteo acerca de um dia em que os cristãos não suportariam a sã doutrina ou ensino (2 Tm 4:3-4). Motivos carnais fariam com que "desviassem os ouvidos da verdade", e o resultado seria que vagariam em direção aos mitos ou fábulas. Com a diversidade de ensino nas várias denominações na cristandade hoje, e com muitas dessas doutrinas em contradição umas com as outras, alguém com uma disposição correta irá chegar à conclusão de que há muitas fábulas misturadas com a verdade. Infelizmente, parece que a tolerância às doutrinas falsas ou contraditórias está se tornando cada vez mais comum nas igrejas cristãs, e a ênfase em um ensino sadio está se tornando menos comum.
A sã doutrina, também caracterizada como "boa doutrina" em 1 Timóteo 4: 6, é aquela que honra a Deus — Pai, Filho e Espírito Santo. Não há lugar para o orgulho ou luxúria do homem na"doutrina de Deus" (Tt 2:10) e qualquer "vento de doutrina", pelo qual os cristãos sejam "levados em roda" (Ef 4:14), irá glorificar o homem de uma maneira ou de outra. A sã doutrina glorifica a Deus em Cristo, ponto final.
Há igrejas e líderes cristãos que podem ser bem-intencionados em sua ênfase na vida cristã e na fraternidade prática, à custa de uma insistência na integridade doutrinal e na verdade, e eles têm sua recompensa. O Senhor pode usar qualquer esforço de fé verdadeira, qualquer desejo de glorificá-Lo, não importa o compromisso ou mistura que Ele encontre em um grupo de cristãos. Felizmente estamos seguros de que "o Senhor conhece os que são Seus", mas por outro lado, a responsabilidade de todos os que confessam o Seu nome é a de "afastar-se da iniquidade" (2 Tm 2: 16-21). Está claro no contexto dessa advertência que a falsa doutrina é uma manifestação de iniquidade.
Agora alguém poderia perguntar: "Existe uma lista de ensinamentos bíblicos que são tão importantes que devem ser defendidos até mesmo ao ponto de nos separarmos de outros que os contradizem?" Outro poderia perguntar: "Existe um perigo de sectarismo quando insistimos em pureza doutrinária à custa da comunhão com outros cristãos sinceros?" Ao invés de responder a essas perguntas diretamente, sugiro que olhemos para vários princípios que são fundamentais na preservação da sã doutrina para a glória de Deus.
1. A integridade doutrinal é eminentemente importante para o cristianismo.
É algo ainda mais crítico do que qualquer volume de bons ensinamentos sobre a vida cristã prática. O ensinamento sério quanto à Pessoa gloriosa e à obra consumada do Senhor Jesus Cristo deve ser mantido na casa de Deus, a igreja, que é coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3:15). Qualquer comprometimento neste sentido traz desonra a Deus, e é somente por este motivo que um coração que busca Sua glória deve se separar e evitar os falsos ensinamentos que comprometam a Pessoa e obra de Cristo.
Por exemplo, não se deve tolerar o ensino que especula que Jesus poderia ter pecado, inferindo esse erro do fato de Ele ter sido tentado enquanto estava na terra. Ele passou por aqueles testes para provar que Ele era "ouro puro" quanto à Sua natureza sem pecado, e não porque existisse qualquer dúvida a esse respeito. Aquelas tentações provaram que Ele era "sem pecado" (Hb 4:15). Além disso, Ele "não conheceu pecado" (2 Co 5:21), pois "nele não há pecado" (1 Jo 3:5). Se a assembleia não guardar zelosamente a glória de Cristo neste e em outros pontos similares de controvérsias doutrinárias, acabará trocando o verdadeiro Cristo por "outro Jesus" (2 Co 11:4), e mais corrupção certamente se seguirá.
2. As censuras e argumentos dos apóstolos nos dizem muita coisa sobre os ensinamentos nos quais insistiam.
Muitos líderes e grupos cristãos promovem a unidade, os relacionamentos, a vida piedosa e muitos outros valores que são bons e nobres com solidez doutrinária, e alguns até chegam a admitir que "a doutrina divide", por lamentarem o sectarismo na cristandade. Mas a contenda sectária é muitas vezes consequência de orgulho e mundanismo, não da doutrina, e nos casos em que os cristãos se separaram uns dos outros por causa de falsa doutrina que foi introduzida, o Senhor permitiu isto em Sua disciplina de Sua casa. (1 Co 11:19; 1 Pe 4:17; 1 Jo 2:19; 1 Rs 12:24)
Paulo e João foram muito claros ao censurarem os que ensinavam falsas doutrinas. (Gl 5:12; 1 Tm 1:19-20; 2 Tm 2:14-26; Tt 3:10; 2 Jo 10) Será que aqueles mestres heréticos teriam sido autorizados a continuar em comunhão na igreja para preservar a unidade ou por medo de divisão? Será que alguém deveria ter insistido na tolerância para que as relações pessoais, estabelecidas há anos, permanecessem intactas? Quase não é preciso dizer que a resposta a ambas as perguntas é um retumbante "Não"!
Os argumentos de Paulo em defesa da verdade doutrinária são evidência de uma mente brilhante, mas sabemos que eles estão de acordo com a mente de Deus, que inspirou a escrita de Paulo. Quando Paulo declara a verdade do justo imputado sem obras, quando declara que o crente foi predestinado por Deus e, portanto, eternamente seguro, quando defende a verdade central da ressurreição e em vários outros casos, ele caminha de maneira lógica através de um argumento e chega a uma conclusão que o homem espiritual prontamente recebe. (Rm 4; 8:28-39; 1 Co 15; Rm 9 e 11; 1 Co 11:1-16; Gl 3-5)
Aqueles que defendem algum tipo de obras de justiça, ou que promovem uma segurança condicional, ou que sobrepõem o raciocínio humanista à doutrina cristã fundamental, só conseguem fazê-lo tirando versículos ou mesmo passagens inteiras de seus contextos, colocando-as contra a verdade que Paulo apresenta de forma tão eloquente e metódica.
3. Existe uma orientação bíblica sobre como a verdade deve ser ensinada e transmitida às gerações futuras.
A verdade não era para ser aprendida num seminário sectário e ensinada exclusivamente por um clero ou ministério ordenado. Quando os arranjos humanos são empregados para designar mestres em assembleias cristãs, isso interfere com a linha de responsabilidade que o servo tem diretamente com seu Senhor, e abre a porta para um ensino questionável. (Compare 2 Tm 4:3-4 com Ef 4:7-16). Pode ser que leve anos ou gerações para esses expedientes humanos revelarem seus efeitos nefastos. O padrão descrito nas Escrituras é o de homens que aprendem a doutrina dos apóstolos entre muitas testemunhas (em uma assembleia) e devem passar essa verdade para os homens fiéis que, por sua vez, serão capazes de ensinar outros. (2 Tm 2:2).
O ministério deve ser conforme o dom que cada um recebeu, e esse dom não pode ser dado ou restringido pelos homens ou seus sistemas. Além disso, "se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre." (1 Pe 4:10-11). A sã doutrina é mais bem preservada através de métodos que não interfiram com a obra do Espírito em usar quem quer que seja para ministrar a verdade.
A manutenção da sã doutrina nunca foi apresentada à igreja de Deus como um exercício opcional, mas sempre como um imperativo, se for para os santos estarem "arraigados e edificados" em Cristo e fundamentados na fé (Cl 2:7). É verdade que a sã doutrina pode ser mantida com um espírito legalista entre os cristãos, e devemos nos guardar disso. Somente se Cristo for o objeto do coração, é que essa armadilha será evitada. Que Ele seja a fonte de nosso gozo e nosso motivo para lutar pela "fé, uma vez entregue aos santos".